Se tu não tens o costume de inteirar-te das últimas notícias do mundo científico-tecnológico, recomendo: faça-o, irás te surpreender com tanto desenvolvimento já existente. Coisas que tomávamos por ficção e até magia hoje, a cada dia se fazem reais em laboratórios ao redor do mundo.
Veja a atualidade da medicina. A lista de síndromes, patologias, doenças, males, cânceres é longa, à medida que a ciência médica avança. É horrorosamente incrível. Para as que há, tratamentos, medicamentos, cirurgias, especializações e áreas de conhecimento se multiplicam. (Também, com 7 bilhões de pessoas, com todas as dificuldades socioeconômicas existentes no atual mundo que vivemos!) Um complexo mundo de complexas interfaces conectadas complexamente em complexos planos (material, energético, subjetivo...); e um plano, em especial, é curiosamente insistente: o plano do desconhecido.
A medicina não é, clara e obviamente, a única ciência que goza do transbordar do avanço exponencial sobre os problemas que lhe surgem; a Física também. À Física aqui, me refiro, a toda a ciência natural abiológica: Mecânica, Química, Eletrônica, Astronomia, Quântica e Cosmologia. Farei luz, aqui, às duas últimas.
No finalzinho do século XX, Lord Kelvin teve a audácia de anunciar, aceticamente, o fim do conhecimento Físico. O que se precisava saber sobre a referida natureza, já o se havia feito. Pena: alguns aninhos após, um curiosíssimo rapaz chamado Albert lhe calaria a boca acética, revolucionando com o modo como vemos o mundo. Não viveu para ver a comunidade científica mundial se dobrar à sua própria ignorância uma vez mais.
Einstein fez algo parecido com Copérnico, Galileu e Newton, nos séculos XV, XVI. O trio renascentista "tirou" o centro do "Universo" (o "hoje" modesto sistema solar) da Terra para o Sol. Os homens tiveram de se dobrar humildemente à Natureza reconhecendo-se apenas peões insignificantes de um tabuleiro maior... ou melhor: infinito. Einstein "nos humilhou" também, de forma diferente, porém.
O jovem Einstein percebeu que interpretar a natureza da luz olhando para o Tempo em si, como absoluto, tão absoluto quanto a certeza que existes (tudo bem, se fores filósofo, terás tuas dúvidas, mas enfim...) implicaria em consequências ilógicas. Para que a natureza da luz fosse lógica, através da razão e das experiências feitas até então, o Tempo deveria ser "maleável", podendo transcorrer mais lento que o normal se pudesse-se atingir velocidades consideravelmente próximas a da luz. Assista o documentário abaixo para teres uma visão mais ampla sobre:
O Tempo. Controle sobre o tempo? Ainda não, apenas mentalmente. Mas controle apenas sobre um pouco mais de conhecimento.
Com tal entendimento sobre o tempo, a concepção de espaço também foi alterada. E com ela, somada às observações de Hubble, o Universo foi se mostrando caoticamente grande! A cerca imaginária dos astros mostrou-se um gigantesco muro de ignorância: olhando pela janela da Terra, avistamos bilhões de galáxias, nas quais residem bilhões de estrelas - inúmeras maiores que nosso ínfimo Sol.
Mas não apenas olhar para o infinito nos estasiou. Os avanços de colegas e amigos de Einstein, como Bohr e Heinsenberg, fizeram nossa mente rachar em frangalhos ao estudar a matéria na escala dos átomos. Se fossem gaúchos, "os butiás lhes teriam caído dos bolsos".
A investigação ao mundo do átomo levou-os a percepção de seu estranhíssimo comportamento. A posição da matéria tornou-se também não absoluta - mas probabilística: assim como a energia de uma onda é distribuída ao longo de sua propagação (como as ondas do mar), a matéria se portaria como uma onda, distribuindo-se pelo espaço - apesar de nossos olhos não verem dessa forma, pois vemos o resultado do todo, o macro.
O começo do século XX foi um tremendo rebuliço. Foi um Iluminismo Natural: os absolutos Tempo, Espaço e Posição Material perderam sua coroa à relatividade do espaço-tempo e à probabilidade. Assim, décadas de avanço científico passaram. Hoje celebramos avanços importantíssimos na tecnologia, mas avanços também, curiosamente, à ignorância.
Quanto mais avançamos nos estudos, experiências e hipóteses, mais nos vemos perplexos. Como Newton, a Humanidade se vê a cada dia à beira do infinito mar do conhecimento, mas sentindo-se apesar de tudo às suas margens. Entramos num complexo de Sócrates, que disse a célebre e logicamente contraditória frase:
"Só sei que nada sei".
Relendo-o, podemos hoje dizer:
"Quanto mais sabemos, descobrimos menos saber".