Amada Ondina,
Hoje na classe de Física, aprendendo sobre o espectro eletromagnético, aprendi sobre minha situação – e compreendi a nossa.
Como uma emissão eletromagnética nosso relacionamento começou na base da comunicação simples. Era difícil nos sintonizarmos sem alguma interferência; com o passar do tempo, contudo, a qualidade suplantou estações.
Passamos a nos vermos mais vezes, nossa comunicação se tornou mais visual; interesse de ambos os lados possibilitaram um estreitamento na nossa comunicação. Tal agitação repentina fez meu suor agitar, até que a paixão se tornou visível no seu mais intenso vermelho.
Daí em diante surgiu as mais variadas sensações; e os mais variados sonhos passaram diante de meus olhos: laranja outonal inspirou-me à poesia; o sol, dourado radiante, abrilhantou-me o semblante; larga esperança em verde cresceu; desaguou-se vivo oceano em meu ser; o anil do céu penetrou minha mente; violáceo ardor fibrilou em meu peito. Então... De repente... Tudo acabou. Nada mais vi. Mas dentro de mim muito ainda ocorreu.
O sentimento que perdurava em meu ser destruiu cada ínfima parte do meu corpo, como se câncer formasse minha existência, enquanto nada sentia, entretanto. As vibrações continuavam energizando-se; e minha estrutura estava como se cada ínfima parte de meu corpo alterara sua natureza em si mesma.
Agora, me sinto distante, como se não me encaixasse mais nesse mundo; o sentimento transcendeu o que aqui conheço – nas estrelas distantes achei seu padrão.
Como vês, cara Ondina, por cada freqüência meu peito vibrou. E perpassa cada dia, mais, distante e distanciando num efeito Doppler contínuo de desilusão sem fim.
De seu tangencialmente eterno,
Geovani Lopes Dias
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