Olha a tua volta. O que vês? O que ouves? O que tateias? O que sentes? O que cheiras? Descreva em pensamento. Todas as sensações e percepções que tens do mundo à tua volta, tudo o que aprendes como verdadeiro e real, as cores, os sons, as características de objetos, as lógicas da vida... Tu confias nos teus sentidos? Se já viste o filme Matrix, sugiro resgatá-lo da memória, pois este texto trata de assuntos abordados nele, em particular na primeira parte da trilogia. Mas primeiro regridamos um pouco no tempo...
Durante toda a existência da Humanidade, somos desafiados a caracterizar e classificar as coisas, tantas são as adversidades que se põem frente a nossa sobrevivência. E para isso, sempre usamos de nossos limitadíssimos sentidos (visão, audição, olfato, tato e paladar) e nossa mente evolutiva genial – e independentemente de seres tu criacionista ou não, é inegável a evolução da mente humana; e continua progredindo à medida que cada nova geração aprende com os conhecimentos das antigas e constrói em cima mais conhecimento; vemos isso por toda a História.
Nos tempos antigos, os gregos filosofaram sobre muitos assuntos; e não somente eles, mas também os babilônios, egípcios, hebreus, assírios e tantos outros povos da antiguidade. Década após década, filósofo após filósofo, reino após reino, sociedade após sociedade, a Humanidade foi crescendo, se expandindo, se miscigenando, conquistando e dominando o mundo em que vive e a si própria. E dentre tantas descobertas e genialidades que inventamos e descobrimos, nunca conseguimos, pelos sentidos e conhecimento construído, responder a inquietante pergunta: o que é a verdade? E perceba, esta questão nos remete a uma viagem mais longa que, talvez, o próprio Universo. Por quê? Pois dia após dia em que avançamos em nossos conhecimentos da Realidade, desvendamos que nossos conhecimentos são teorias e suposições falhas. Verificamos uma experiência semelhante a que a Humanidade tem desde seu início na escola, já nos primeiros anos do ensino fundamental.
Tradicionalmente, aprendemos que não se pode diminuir 2 de 1, pois 2 é maior que 1. Mais tarde, aprendemos que se pode fazer sim. Mais tarde somos proibidos de dividir por um número que não vá dar um número inteiro, por exemplo, 1 dividido por 3; logo depois aprendemos que isso tem até nome: fração. Certa vez aprendemos que não se pode tirar raiz de número negativo; mais tarde, no ensino médio, vemos que isso se resolve com o conjunto dos números complexos. Como uma vez disse uma colega minha na Liberato: “a cada ano que passa, uma mentira que nos revelam”. A humanidade experimenta algo semelhante com a Ciência: a cada nova teoria que explica melhor um fenômeno, descobrimos que o que pensávamos ser real era ilusão de nossas mentes até então limitadas; e a vida da Humanidade está repleta dessas situações.
A Física é um exemplo clássico (e talvez mais notório) deste impasse filosófico. As teorias de Aristóteles do movimento perduraram por dois milênios – teorias estas tomadas por nós como “ciência caseira”: trata-se da lógica que aprendemos para conhecer o mundo ao nosso redor. Após Aristóteles, veio Copérnico, Galileu, Kepler, Newton e por fim Einstein (com o perdão de obliterar muitos outros importantes, mas menos conhecidos); todos acrescentaram idéias – quando não “tiraram o chão” que tínhamos a respeito das coisas. A cada nova geração, a Humanidade continua a descobrir que a Realidade que a cerca está mais encoberta ao conhecimento humano (a Ciência) que no começo – ou estará mais desvelada? Será que estamos mais próximos da “Imarcescível Verdade”? Com o que nos esperará o amanhã? Como dissera Galileu: “a verdade é filha do tempo. Não da autoridade”.
O futuro é confeccionado, desenhado, escrito, televisionado, plotado, anexado, enviado, curtido a cada dia, hora, minuto, segundo e twitada que passa. Há anos nos impressionávamos com o “fictício” touch screen em filmes – hoje produzimos milhares por hora; nos impressionávamos com robôs como R2-D2 e C-3PO da hexologia Star Wars – hoje testamos besouros ciborgues. Há milhares de anos, adorávamos os planetas – hoje, aterrissamos neles. O que era Realidade ontem é o mesmo que é hoje? O que a Ciência pode dizer? O que tu dizes disso? Bem-vindo a Matrix.
Professor Geovani Lopes Dias
Nenhum comentário:
Postar um comentário